O condimento principal para a capacitação de novos profissionais

O condimento principal para a capacitação de novos profissionais

Quem é Carina Oliveira?

Carina João Oliveira é Engenheira Civil com grau atribuído pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra pré-Bolonha, com uma Pós-graduação em Gestão e Liderança pela AESE Business School. Exerce o cargo de Diretora-Executiva da Insignare, Associação de Ensino e Formação, entidade proprietária da Escola de Hotelaria e Turismo de Fátima, da Escola Profissional de Ourém, entre outras áreas funcionais de serviços e formação empresarial. Em 2019 foi eleita interpares europeus como Secretária do Comité Executivo do EfVETEuropean Forum of Technical and Vocational Education and Training, sedeado em Bruxelas, a representante europeia de escolas e empresas de Formação Profissional. Enquanto Diretora-Executiva viu reconhecido o projeto educativo que liderou, pelos Hospitality Education Awards como “Best Educational Project” em 2020, e em 2021 com a distinção de “Best I&D” na categoria inovação em Turismo, entre outras distinções nacionais e internacionais nas organizações que lidera.

O que representa para si o mundo da Hotelaria? Paixão ou devoção?

A Hotelaria é um sector fundamental na economia portuguesa, que consegue aliar o futuro dos jovens com a arte de bem receber o Turismo. As questões de futuro sempre me inquietaram, saber de que forma poderíamos combater a sina de nascer num país pequeno e periférico. Há sectores onde somos muito competitivos e onde podemos ter um futuro competitivo em qualidade.

Sem dúvida que a Hotelaria representa isso mesmo. Formar talentos e valorizar a profissão têm sido desafios tremendos que se têm colocado sistematicamente às escolas de formação em hotelaria e turismo, daí que a dinâmica que temos imprimido às equipas, só tem sido possível ao longo dos anos com muita devoção por parte de todos nós

Como tudo o que faço é com paixão, talvez paixão com devoção seja a definição mais acertada neste percurso.

Fale-nos um pouco sobre a oferta formativa da Escola de Hotelaria de Fátima.

Na Escola de Hotelaria de Fátima continuamos a apostar na especialização do sector, com as ofertas de Cozinha/Pastelaria, Restaurante/Bar e Turismo.

Apostamos em cursos com muitas saídas profissionais, que são muito práticos, onde os alunos gostam de aprender e cuja certificação escolar é dual, também com certificação profissional no final do curso.

Temos tido também ao longo dos anos uma boa taxa de acesso ao ensino superior.

A nossa oferta é complementada com um sem número de atividades que torna estas escolas muito mais do que escolas, seja do ponto de vista nacional como também uma forte componente internacional, de estágios a Erasmus, da Europa a África. Os projetos Erasmus têm sido significativos, tendo nós potenciado estágios internacionais a 10% dos nossos alunos. A nossa participação em projetos diferenciados tem-nos conduzido a boas performances e a grandes motivos de orgulho, do ponto de vista coletivo enquanto Escola, mas também nas participações que acompanhamos de alunos individualmente.

Nos últimos anos com uma pandemia pelo meio, conseguimos o prémio de Melhor Projeto Educacional em 2020, nos Hospitality Education Awards, e o prémio Nacional de Inovação & Desenvolvimento em 2021. Destaco apenas estes dois, mas o leque tem sido grande, reforçando assim a nossa aposta nos cursos que desenvolvemos. A Cozinha tem sido a “estrela” nos últimos anos, mas também o Turismo é apelativo para os alunos que nos procuram.

O fascínio das viagens, o encanto com a posição social que tem um Chef de cozinha, tudo isso ajuda à procura dessas áreas de ensino. Confesso que necessitamos de trabalhar e valorizar socialmente as artes de mesa. Aquilo que eram os Chefes de Sala tem de voltar a ser valorizado e destacado, sob pena de termos nas tradicionais tarefas de “servir à mesa” pessoas que não entendem a especificidade da profissão, pois só assim conseguiremos perpetuar o seu ensino.

O que caracteriza um Jovem que fez o seu percurso formativo na Escola de Hotelaria de Fátima?

Podemos dizer que saem daqui preparados para todas as áreas da hotelaria e turismo, restauração e afins. Podemos também dizer sem dúvidas que levam uma formação integral, desenvolvida transversalmente com o contributo de todas as disciplinas e componentes de formação. Temos um modelo e um espaço curricular privilegiado para o desenvolvimento de aprendizagens com impacto tridimensional na atitude cívica individual, no relacionamento interpessoal e no relacionamento social e intercultural. Privilegiamos o desenvolvimento de competências de natureza cognitiva, procedimental, pessoal, social e emocional, através de múltiplas estratégias e metodologias, a nível curricular e extracurricular, dentro e fora da sala de aula.

As nossas prioridades educativas centram-se na promoção da efetiva aquisição de competências – o saber-fazer e o conhecimento técnico e tecnológico - essenciais à preparação dos alunos para o mercado de trabalho, para uma economia atual do conhecimento alinhados com os melhores

padrões de referência empresarial. Temos noção do perfil diferenciador dos nossos alunos à saída, temos consciência que formamos bons profissionais para o mercado de trabalho, sendo também imediata a sua colocação. Basta quererem.

Em que medida a formação da Escola de Hotelaria encara o impacto da limpeza e desinfeção como via para a garantia da qualidade das iguarias confecionadas?

O respeito pelo cumprimento de normas de limpeza e desinfeção é para nós bastante mais do que uma mera imposição legal. É um pilar permanente da nossa atividade e um fator determinante da qualidade constante de padrões e processos, em todas as pessoas que aqui trabalham e estudam. A formação dos alunos que vão para contextos e mercados tão variados, exige que levem daqui práticas que vão ao encontro dessa realidade, por isso mesmo o HACCP (por exemplo) é um sistema incorporado em diversos módulos de aprendizagem. Não nos podemos esquecer que as nossas escolhas alimentares interferem diretamente com a nossa saúde e têm um grande impacto no ambiente, sobretudo numa altura em que a consciência para as alterações climáticas é maior do que nunca. Higiene e segurança nos processos e em toda a cadeia de produção tem de ser uma máxima presente, como garantia básica dos serviços que prestamos, e essa consciência e formação para esses processos, são materializações que ocorrem nas aulas, tanto teóricas quanto práticas, bem como nos inúmeros eventos em que participamos. Sabemos que os alimentos podem ser uma fonte para a transmissão de doenças, sendo necessário a prevenção e o controlo, daí que o cumprimento de boas práticas de higiene e segurança alimentar são a tónica transmitida aos alunos. Em vários momentos de avaliação são também um dos critérios do seu desempenho. Em várias etapas da formação e aprendizagem, os alunos tomam consciência e desempenham tarefas correlacionadas com a higiene, desde logo dos equipamentos e utensílios, colaboram nos programas de limpeza dos seus postos de trabalho, que inclui pavimentos, máquinas de lavar, as loiças, tudo para preparar e servir refeições seguras.

Quais os projetos para futuro da Escola de Hotelaria de Fátima? 

Há algum cosmopolitismo na forma como estas novas gerações encaram o mundo do trabalho. Sem qualquer juízo de valor, necessitamos de o compreender e encarar como forma de estar, e através disso reorganizar a forma como podemos corresponder às expectativas, deles e nossas. O desafio de ensinar futuro é esse, perceber e antecipar as gerações, para permitir o caminho do conhecimento. As skills de hoje podem ser obsoletas amanhã e, portanto, além das skills mais sociais (soft) necessárias, incluindo as chamadas skills do século 21, espera-se que alunos e trabalhadores sejam aprendizes ao longo da vida, adaptáveis e prontos para aprender enquanto trabalham e trabalham enquanto aprendem. Não são processos substituíveis, mas antes, precisamos de adicionar competências e aprendizagens baseadas no trabalho e na forma como isso trará trabalhadores bem sucedidos. Do ponto de vista prático da organização, a nossa luta por melhores instalações é conhecida e continuamos a fazer caminho para que isso aconteça. Mas também já disse isto mais vezes, não são paredes que fazem uma escola e por isso, cá continuaremos a fazer o melhor que sabemos!

 

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